Respostas ecofisiológicas de populações de Myrsine coriacea a regimes térmicos contrastantes: plasticidade fenotípica ou adaptação local?
Nome: Bárbara de Oliveira Ramaldes
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 28/02/2020
Orientador:
Nome | Papel |
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Paulo Cezar Cavatte | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Diolina Moura Silva | Examinador Interno |
Elias Terra Werner | Suplente Interno |
João Vitor Toledo | Examinador Externo |
Mário Luís Garbin | Suplente Externo |
Paulo Cezar Cavatte | Orientador |
Tatiana Tavares Carrijo | Examinador Externo |
Resumo: Espécies com ampla distribuição geográfica, como Myrsine coriacea (Primulaceae), podem expressar estratégias ecofisiológicas divergentes, o que pode ser consequência da adaptação a longo prazo às condições específicas de cada local de ocorrência. No presente estudo, investigamos os efeitos de regimes térmicos contrastantes sobre o crescimento, desempenho fotossintético e características bioquímicas de plantas de M. coriacea, provenientes de matrizes localizadas ao longo de um gradiente de altitude na Mata Atlântica. Testou-se a hipótese de que existe divergência de estratégias ecofisiológicas de tolerância a regimes térmicos contrastantes entre plantas provenientes de populações localizadas em baixas e altas altitudes. Para isso, mudas foram produzidas após a coleta de sementes de populações nativas. Posteriormente, as plantas foram cultivadas em casas de vegetação climatizadas (altitude: 120 m) sob regimes térmicos contrastantes. O experimento foi montado em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 7: dois regimes térmicos contrastantes [Baixa demanda atmosférica (BDA) e Alta demanda atmosférica (ADA)] e sete populações, localizadas ao longo de um gradiente de altitude (639 a 1774 metros de altitude). As plantas foram cultivadas durante 120 dias sob condições contrastantes de temperatura do ar (Tar) e déficit de pressão de vapor (DPV): BDA (Tar (média) dia/noite: 28,2/21,2 °C e DPVmédio dia/noite: 0,60/0,05 kPa) e ADA (Tar (média) dia/noite: 30,2/25,3 °C e DPVmédio dia/noite: 1,19/0,22 kPa). Os resultados indicaram maior produção de biomassa em BDA, maior capacidade fotossintética por unidade de área foliar em ADA, nenhuma variação na concentração de pigmentos fotossintéticos entre os regimes térmicos e respostas distintas na concentração foliar de nutrientes e razão isotópica de carbono 13 (13C), independentemente da altitude de origem. Altitude de origem explicou maior parte da variação total na maioria das características analisadas. Com o aumento da altitude de origem, principalmente acima de 900 metros de altitude, intensificaram-se as diferenças nas características de crescimento entre os regimes térmicos, enquanto, geralmente, nenhuma tendência significativa ocorreu em características fotossintéticas e bioquímicas. Plantas da população localizada a 1774 metros de altitude destacaram-se com maior divergência de respostas ecofisiológicas das demais populações, com menor produção de biomassa e desempenho fotossintético, e distintas respostas bioquímicas. Provavelmente, estratégias diferenciais para lidar com regimes térmicos contrastantes podem ter conduzido à diferenciação de ecótipos dentro da espécie sob as variações térmicas em gradiente altitudinal, como na população de 1774 metros de altitude. Os resultados demonstram que o desempenho ecofisiológico de populações de M. coriacea, localizadas em altitudes abaixo de 900 metros, é mais limitado o que pode ser agravado em cenário de mudanças globais. Estratégias adaptativas podem facilitar a sobrevivência in situ, porém a ocorrência em maiores altitudes ou latitudes (com menores temperaturas) pode contribuir para a sobrevivência nesse cenário. A utilização da espécie para majeto florestal em locais de baixa demanda atmosférica (baixas temperaturas), é recomendada com mudas provenientes de matrizes localizadas em maiores altitudes (acima de 900 metros). Em contrapartida, manejo em locais de alta demanda atmosférica (elevadas temperaturas), pode-se utilizar mudas provenientes de todas as altitudes amostradas neste estudo, com exceção apenas da população de 1774 metros de altitude.
Palavras-chave: Altitude capororoca ecofisiologia ecótipo temperatura