Ecofisiologia de dois ecotipos de Paubrasilia echinata em cenários de
mudanças climáticas da floresta Atlântica, Brasil
Nome: Felipe Cassa Duarte Venâncio
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 28/04/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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Geraldo Rogério Faustini Cuzzuol | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Adriana Grandis | Examinador Externo |
Antelmo Ralph Falqueto | Examinador Interno |
Bernardo Pretti Becacici Macieira | Suplente Externo |
Diolina Moura Silva | Examinador Interno |
Geraldo Rogério Faustini Cuzzuol | Orientador |
João Vitor Toledo | Examinador Externo |
José Eduardo Macedo Pezzopane | Coorientador |
Paulo Cezar Cavatte | Suplente Interno |
Resumo: As projeções climáticas para o bioma floresta Atlântica indicam regimes distintos para
costa brasileira com maior frequência de eventos extremos de calor e secas a partir da
segunda metade do século XXI. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC) introduziu alguns cenários chamados de Vias de Concentração Representativas
(RCP) com alterações na [CO2], temperatura e demanda evaporativa. Dois cenários
climáticos estão previstos para floresta Atlântica, Brasil: um otimista (RCP 4.5) com
aumento moderado na [CO2], temperatura e demanda evaporativa e outro pessimista
(RCP 8.5) com condições extremas causando estiagens prolongadas. As respostas
ecofisiológicas de espécies arbóreas tropicais em condições atmosféricas alteradas ainda
são pouco conhecidas e nesse panorama climático surge uma questão: como as arbóreas
tropicais tolerantes à sombra e ao sol responderão a essas novas condições? O paubrasil (P. echinata) é uma espécie nativa da floresta Atlântica que possui três ecotipos
divergentes quanto ao hábito ecológico (folha pequena, média e grande) e está
ameaçada de extinção. Devido às dificuldades para realização de trabalhos dessa
magnitude em condições controladas com espécies distintas, a utilização de uma espécie
com variações intraespecíficas e ecofisiológicas é uma solução. O estudo foi dividido
em três capítulos para avaliar a ecofisiologia de dois ecotipos de P. echinata, o folha
pequena (tolerante à sombra) e o folha média (tolerante ao sol) em condições
atmosféricas alteradas. As mudas foram cultivadas por 90 dias em OTCs no interior de
casas de vegetação climatizadas em três cenários climáticos: em um cenário controlefloresta Atlântica atual (T= 26.1ºC, UR= 82% e [CO2]= 400 ppm) e em dois cenários de
mudanças climáticas-RCP 4.5 (T= 28.1ºC, UR= 80% e [CO2]= 580 ppm) e RCP 8.5 (T=
29.6ºC, UR= 74% e [CO2]= 936 ppm). Dentro de cada cenário foram adotados dois
níveis de umidade do substrato: 80% (controle) e 40% (restrição hídrica). Foram
realizadas análises de crescimento, trocas gasosas, potencial hídrico foliar, crop water
stress index, fluorescência da clorofila, carboidratos não estruturais (amido, glicose,
frutose e sacarose) e polímeros de parede celular (celulose, hemicelulose e lignina).
Plantas jovens dos dois ecotipos respondem positivamente ao aumento da [CO2],
tolerarando os cenários de mudanças climáticas por meio de ajustes no crescimento,
fotossíntese e alocação de carbono. Em condições atmosféricas alteradas, as plantas
regularam as trocas de calor, fundamental para garantir maior desempenho
fotossintético sob restrição hídrica e alteraram a alocação de carbono, produzindo
reservatórios energéticos e estruturais. A elevada [CO2] provavelmente tem um efeito
tampão nos dois ecotipos, aumentando a fotossíntese e o crescimento inicial, evitando
diminuições no acúmulo de biomassa com reflexo de maior mobilização e acúmulo de
carboidratos, principalmente de amido, nas raízes das plantas cultivadas sob restrição
hídrica. Os resultados sugerem que plantas jovens dos dois ecotipos de P. echinata
poderão responder positivamente as mudanças climáticas por meio de mecanimos de
tolerância fisiológicos e bioquímicos.
Palavras-chave: Crescimento. Fotossíntese. Carboidratos. CO2. Pau-brasil.