RELAÇÕES DOS COMPOSTOS DE CARBONO COM A ECOLOGIA FUNCIONAL DE COMUNIDADES DE RESTINGA

Nome: Maria Cecília Zorzanelli
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 16/02/2023
Orientador:

Nome	Papel
Geraldo Rogério Faustini Cuzzuol	Orientador

Banca:

Nome	Papel
Adriana Grandis	Examinador Externo
Antelmo Ralph Falqueto	Suplente Interno
Bernardo Pretti Becacici Macieira	Suplente Externo
Geraldo Rogério Faustini Cuzzuol	Orientador
JEHOVÁ LOURENÇO JUNIOR	Coorientador
Paulo Cezar Cavatte	Examinador Interno

Resumo: A vegetação da restinga do Parque Estadual Paulo César Vinha-PEPCV (20°35`25`` S e 40°25`24`` W), Guarapari-ES, é reconhecida como modelo de estudos de efeitos de gradientes ambientais e dos possíveis impactos das mudanças climáticas em suas comunidades. Algumas das variáveis que podemos utilizar nesse tipo de estudo são os polímeros de parede celular-PPC (celulose, hemiceluloses e lignina) e os carboidratos não estruturais-CNE (sacarose, glicose, frutose e amido) por apresentarem fina conexão com as teorias ecológicas de particionamento de nichos e distribuição de espécies florestais. Hipotetizamos que os teores de PPC e CNE apresentem correlações estreitas com os gradientes edáficos de umidade e fertilidade do solo. Para testar essa hipótese coletamos amostras de ramos da copa de 35 espécies distribuídas em 42 parcelas (25 m2/cada) das florestas inundável, intermediária e seca da restinga do PPCV. Mensuramos a profundidade do lençol freático e coletamos amostras para determinação dos parâmetros físico-químicos do solo ao longo das parcelas. Os PPC e os CNE foram correlacionados com as variáveis amostradas, e apontaram que os teores de celulose, hemicelulose e frutose aumentaram conforme as espécies são substituídas em direção ao ambiente mais seco e poroso. O boro (B) foi o nutriente que mais contribuiu na deposição de celulose, enquanto o cálcio (Ca2+) foi o que mais se correlacionou com as hemiceluloses e a lignina. Esses resultados sugerem a participação do B na síntese de fibras de celulose e do Ca2+ na síntese de lignina. A maior deposição de celulose e hemicelulose das espécies da floresta seca de restinga pode ser interpretado como uma forma das plantas manterem a pressão de turgor celular, permitindo o crescimento sob menor disponibilidade de água. A lignina não variou ao longo dos gradientes de umidade do solo. Todavia, aumentou com a disponibilidade de Ca2+ no solo, sugerindo a participação desse elemento na lignificação da madeira. Em relação aos CNE, o aumento da frutose em ambientes mais secos indica o papel osmorregulador desta molécula sob condições de restrição hídrica, enquanto o aumento de glicose no ambiente inundado de restinga parece sofrer forte influência do Al3+ associado ao pH mais ácido. Já o amido e a sacarose não demonstraram correlações importantes com os gradientes de umidade e fertilidade, sugerindo que para as espécies de restinga é mais interessante a conversão da sacarose em glicose e frutose os quais parecem agir na no controle osmótico em ambientes com maior toxicidade de Al3+ e baixa disponibilidade de água. Assim, os gradientes de umidade e fertilidade do solo estão selecionando características com funções ecológicas dentro das comunidades vegetais como forma de adaptação às condições ambientais. Concluímos que os PPC e CNE atuam como importantes atributos funcionais nas comunidades de restinga, reforçando a importância do carbono estrutural e não estrutural para estudo dos impactos das mudanças climáticas em comunidades vegetais.