FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA a COMO FERRAMENTA PARA
MONITORAMENTO AMBINETAL EM RESTINGA
Nome: ROMARIO DE OLIVEIRA SILVA JÚNIOR
Data de publicação: 27/05/2024
Banca:
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Papel |
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SARA DOUSSEAU ARANTES | Examinador Interno |
Páginas
Resumo: O rompimento da Barragem de Fundão em 2015 lançou cerca de 50 milhões de m³ de
rejeitos de minério na bacia do Rio Doce, representando um marco na história ambiental
do Brasil. Este evento causou graves impactos nos ecossistemas adjacentes, incluindo a
vegetação de Restinga, que desempenha um papel crucial na proteção costeira e na
filtragem de poluentes. Este trabalho investigou os impactos ecológicos de longo prazo
do desastre, utilizando a fluorescência da clorofila a (FChl) como método sensível e
preciso para monitorar os efeitos fitotóxicos da contaminação por metais no ecossistema
da Restinga. Foram selecionadas espécies herbáceas comuns na Restinga: Blutaparon
portulacoides, Canavalia rosea, Ipomoea imperati, Ipomoea pes-caprae e Scaevola
plumieri, para avaliar as alterações temporais nas concentrações de metais em suas folhas
e os efeitos no metabolismo fotossintético. Os experimentos incluíram estudos in situ para
monitorar as concentrações de metais e seus efeitos na fotossíntese ao longo de três anos
e experimentos ex situ com plantas cultivadas em estufas submetidas a diferentes
concentrações de soluções nutritivas formuladas. Observou-se um aumento gradual nos
níveis de metais durante os períodos de maior precipitação e vazão do Rio Doce, com I.
pes-caprae apresentando maiores valores do Fator de Bioacumulação Vegetal (BAF). As
plantas mostraram um aumento na atividade do Fotossistema I (FSI) para compensar os
efeitos inibitórios no Fotossistema II (FSII), principalmente durante períodos de maior
exposição aos contaminantes. Este ajuste envolveu o aumento do transporte cíclico de
elétrons, regulando o balanço energético entre ATP e NADPH e neutralizando os danos
oxidativos. Os mecanismos de tolerância relacionados ao estresse in situ puderam ser
mimetizados em diferentes condições de estresse mineral, realizado através de dois
experimentos ex situ. No primeiro experimento, foi verificada a melhor solução
nutricional para investigar diferentes contaminantes em plantas da Restinga. Uma solução
nutritiva formulada a 75% de força iônica apresentou maior acúmulo de nitrogênio (N),
fósforo (P) e sódio (Na), e alterações na fluorescência da clorofila a nos primeiros dez
dias de tratamento, indicando um rápido ajuste fotoquímico durante os primeiros dias de
alteração nutricional. Os parâmetros do teste JIP destacaram-se por distinguir entre os
tratamentos, embora os índices de desempenho (PITOTAL e PIABS) não tenham permitido
essa distinção, sugerindo a ação de mecanismos regulatórios para manter a energia e
evitar a fotoinibição. Além disso, um segundo estudo ex situ foi direcionado a Canavalia
rosea, que foi cultivada com solução nutritiva e submetida a altas concentrações de Cu,
Mn e Zn. Os resultados revelaram que o Cu teve o maior efeito deletério nos atributos
fotossintéticos, enquanto o Zn estimulou mecanismos de proteção. A FChl indicou
inibição do transporte de elétrons e aumento na dissipação de energia, evidenciando danos
fotoquímicos. A produção aumentada de compostos fenólicos indicou uma resposta
antioxidante ao estresse causado por esses metais. A fluorescência da clorofila a
demonstrou ser uma ferramenta eficaz para monitorar os impactos da contaminação por
resíduos minerais no ecossistema da Restinga. As plantas da Restinga desenvolveram
mecanismos adaptativos, como o transporte cíclico de elétrons, para mitigar danos
oxidativos e manter a produtividade fotossintética durante o estresse mineral tanto in situ
quanto ex situ. Este estudo fornece insights valiosos para a conservação e reabilitação de
ecossistemas frágeis afetados por desastres ambientais.