Fluxo e reservatórios de carbono como indicadores da vulnerabilidade de arbóreas da floresta Atlântica às mudanças climáticas
Resumo: Ao longo da história da Terra, as alterações climáticas vêm causando profundo impacto nos recursos hídricos e florestais, na biodiversidade e na agricultura, impondo uma série de desafios para os setores sociais, econômicos e ambientais.
Se por um lado medidas de contenção das emissões de gases de efeito estufa seja uma meta desafiadora para as entidades públicas, por outro lado, diagnosticar e prever os efeitos das mudanças do clima no fluxo e estocagem de carbono nos biomas brasileiros torna-se uma necessidade urgente.
A megadiversidade das florestas tropicais brasileiras fornece uma gama de serviços ecossistêmicos de grande interesse para a indústria farmacêutica, alimentícia e madeireira (Gonçalves et al. 2002). Pouco mais de 448 espécies das florestas do Brasil são utilizadas como fonte de alimento (Silva et al. 2005). Mesmo abrigando mais de 20 mil espécies de plantas com elevado endemismo, pouco se sabe sobre o nível de vulnerabilidade da vegetação dos biomas brasileiros no fluxo e estocagem de carbono sob a perspectiva de um cenário de mudanças do clima.
Procurando contribuir com a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), elaboramos a presente proposta de pesquisa com propósito de ampliar o conhecimento científico sobre a avaliação da vulnerabilidade das fisionomias da floresta Atlântica frente às mudanças do clima, bem como indicar medidas preconizadas pelo Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas.
Buscando contribuir com a PNMC, elaboramos a presente proposta de pesquisa visando expandir o conhecimento científico para diagnosticar a vulnerabilidade de arbóreas das fisionomias da floresta Atlântica. Bem como indicar medidas recomendadas pelo Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas.
Com a perspectiva de aumento do CO2 atmosférico nas próximas décadas, são esperadas fortes mudanças nas temperaturas e precipitação, com graves consequências regionais e globais nos setores ambiental, social e econômico. Entre as consequências esperadas, o que está relacionado à segurança de plantas ricas em carbono é de grande destaque.
De acordo com o último relatório do IPCC (2015), dois cenários de mudanças do clima para as florestas tropicais do Brasil são previstos: um severo e outro otimista. No cenário severo, são esperados longos períodos de estiagem, elevadas temperaturas e redução da umidade atmosférica. Essas condições climáticas podem causar a desertificação ou formação de savanas da floresta Amazônica. Para o cenário otimista são esperadas temperaturas moderadas, maiores precipitações e aumento da umidade da atmosfera. Este cenário pode causar inundações intensas em territórios de florestas tropicais do Brasil.
Uma síntese dos últimos resultados divulgados pelo IPCC (2015) prevê aumento de temperatura em todo o planeta. Haverá chuvas crescentes em regiões onde atualmente há escassez de água. Além da frequência e intensidade, inundações e secas prolongadas são projetadas.
De acordo com o IPCC (2015), existem dois grandes cenários sócio-econômicos possíveis para o futuro. O primeiro é um cenário de crescimento econômico e populacional que intensifica o efeito estufa. Este é o pior cenário intensificador das mudanças climáticas severas. Neste cenário, deverá ocorrer aumento da temperatura e do CO2 atmosférico e mudanças no regime pluviométrico causando longos períodos de secas e inundações.
O segundo cenário é otimista. O crescimento econômico e populacional diminui para atingir os objetivos ambientais. Surgem novas tecnologias de energia mais eficientes que cooperam para a estabilidade dos biomas. Nesse cenário moderadas temperatura, CO2 atmosférico e a precipitação mantêm o equilíbrio das florestas.
Eventos extremos de secas e inundações prolongadas no bioma floresta Atlânticas devem aumentar de forma mais acentuada a partir da segunda metade do século XXI (IPCC 2015). À medida que o bioma se estende do sul para o nordeste da costa brasileira, as projeções apontam para dois regimes distintos de mudanças climáticas. Na Região Nordeste, deve ocorrer elevação de temperatura relativamente baixa entre 0,5-1 ºC e diminuição dos níveis de precipitação em torno de 10 % em 2040. Entre 2041 e 2070, o aquecimento da Região Nordeste deve ser de 2-3 ºC, com queda pluviométrica entre 20-25 %. No final do século, entre 2071 e 2100, é previsto aquecimento com aumento de temperaturas de 3-4 °C e diminuição de 30-35 % de ocorrência de chuvas. Nas Regiões Sul e Sudeste, as projeções indicam aumento de temperatura relativamente baixo entre 0,5-1 °C até 2040, com aumento de 5-10% na precipitação pluviométrica. Entre 2041 e 2070, as tendências de aumento gradual de 1,5-2 °C da temperatura e 15-20 % das chuvas devem ser mantidas.
Tais mudanças climáticas podem causar mortalidade das espécies mais vulneráveis à seca, às inundações e ao aumento ou diminuição das temperaturas. A sobrevivência das espécies nesses cenários climáticos deriva de suas estratégias de tolerância às variações ambientais contrastantes. Nesse cenário de contrastes climáticos, espécies de maior plasticidade fenotípica têm mais chance de sobrevivência (Valladares et al. 2005).
Em resposta a intensas variações ambientais, as plantas podem desenvolver estratégias adaptativas fascinantes (Lambers et al. 2008). No entanto, pouca atenção tem sido dada às espécies nativas dos biomas brasileiros, especialmente quanto ao fluxo e estocagem de carbono nas diferentes fisionomias da floresta Atlântica
Data de início: 2018-04-17
Prazo (meses): 48
Participantes:
Papel | Nome |
---|---|
Aluno Mestrado | Carlos Augusto Pagotto Martins |
Colaborador | Paulo Cezar Cavatte |
Colaborador | José Eduardo Macedo Pezzopane |
Coordenador | Geraldo Rogério Faustini Cuzzuol |