EFEITOS DO FERRO E DA HETEROGENEIDADE DE HABITAT NA
ESTRUTURA E BIOMASSA DAS ALGAS PERIFÍTICAS
Nome: Ranyelle Caretta Santos
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 14/11/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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Stéfano Zorzal de Almeida | Orientador |
Valéria de Oliveira Fernandes | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANGELA MARIA DA SILVA LEHMKUHL | Examinador Externo |
Elias Terra Werner | Suplente Interno |
Lucineide Maria Santana | Suplente Externo |
Silvia Tamie Matsumoto | Examinador Interno |
Stéfano Zorzal de Almeida | Orientador |
Valéria de Oliveira Fernandes | Coorientador |
Resumo: Os recursos hídricos são ecossistemas essenciais para os seres vivos, porém
vem sendo submetidos à poluentes de diversas fontes. Os metais pesados são
umas das principais fontes conhecidas de poluição, despejados via efluentes e,
como visto mais recentemente nos rios brasileiros, em decorrência do
rompimento de barragens de rejeitos de atividade mineradora. Dentre os metais,
o ferro é um elemento que representa papel importante na composição de
macromoléculas essenciais dos organismos vivos, desde que esteja em
concentrações adequadas. A alta concentração de ferro nos ambientes
aquáticos tem se tornado um problema, afetando a organização das
comunidades biológicas. As algas perifíticas são importantes mediadores de
impactos antropogênicos, sendo capazes de acumular diversos nutrientes,
inclusive metais, refletindo em mudanças nas características da comunidade.
São também influenciadas pela heterogeneidade e complexidade espacial, que
podem auxiliar a comunidade na resistência a impactos ambientais, pois habitats
mais complexos fornecem maior gama de nichos e microambientes que podem
ser colonizados, abrigando maior diversidade e riqueza. A hipótese que norteia
esta pesquisa é que hábitats mais heterogêneos e complexos conferirão maior
resistência às algas perifíticas impactadas pela alta concentração de ferro, visto
que habitats mais heterogêneos e complexos suportarão maiores riqueza,
diversidade e presença de espécies de algas tolerantes, em função do maior
número de microhabitats e nichos disponíveis a serem ocupados. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o efeito do ferro e de diferentes graus de complexidade
de habitat na estrutura e biomassa das algas perifíticas. Para isso, as algas
perifíticas foram mantidas em microcosmos com diferentes graus de
heterogeneidade por trinta dias, em dois grupos (positivo: com adição de ferro;
controle: meio de cultura sem adição de ferro), contendo 6 tratamentos
trabalhados em triplicata. Para criar os diferentes graus de heterogeneidade
(tratamentos), foram utilizadas macrófitas com diferentes características: a)
macrófita submersa (Egeria sp.), e b) macrófitas flutuantes (Salvinia auriculata e
Landoltia sp.). O perifíton inserido nos mesocosmos foi cultivado em substratos
artificiais a partir de propágulos coletados em ambientes lênticos da Lagoa
Encantada e baixo rio Doce. As algas perifíticas foram avaliadas pelos seguintes
atributos: composição taxonômica, riqueza, densidade, peso seco, peso seco
livre de cinzas, pigmentos, dominância e abundância. Para relacionar as
mudanças ecofisiológicas na comunidade de algas com as variáveis ambientais
foi determinado o nitrato e ortofosfato da água, o nitrogênio, o fósforo e o ferro
do perifíton e macrófitas quando possível. Os resultados obtidos foram avaliados
com o uso da estatística descritiva, analisando a amplitude de variação dos
dados e a dispersão em torno da média. Para dar rigor estatístico aos
grupamentos formados foi aplicado o teste estatístico multiparamétrico
PERMANOVA. Não houve interação entre a heterogeneidade de habitat e o
ferro. Não houve diferença significativa nos atributos da comunidade tanto em
relação a heterogeneidade de habitat quanto à adição de ferro. As diatomáceas
foram as mais abundantes em ambos os grupos e mostraram-se resistentes ao
estresse químico gerado pela adição de ferro. Ao todo foram registrados 82
táxons distribuídos em 9 classes e 1 grupo não identificado (fitoflagelado). O
número de espécies indicadoras foi baixo, correspondendo à 10% do número
total de táxons, de modo que o positivo apresentou 5 espécies e o controle 3. A
concentração de ferro adicionada no grupo positivo foi suficiente para gerar
mudanças significativas na composição da comunidade perifítica e não resultou
em perdas significativas na biomassa da comunidade. As macrófitas Salvinia
auriculata e Landoltia sp. mostraram-se boas sequestradoras de ferro da água,
podendo ser utilizadas como aliadas em projetos de biorremediação. A hipótese
foi rejeitada, visto que não foram observadas respostas significativas da
comunidade perifítica em relação as diferentes heterogeneidades trabalhadas
nos mesocosmos.
Palavras chave: Heterogeneidade de habitat, perifíton, mesocosmos, macrófita.