CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE FRUTOS, ACÚMULO DE
RESERVAS EM SEMENTES E ACLIMATAÇÃO FOTOSSINTÉTICA DE
POPULAÇÕES DE Myrsine coriacea (PRIMULACEAE) AO LONGO DE UM GRADIENTE DE ALTITUDE
Nome: VINICIUS FERREIRA MOREIRA
Data de publicação: 26/10/2022
Banca:
Nome | Papel |
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ELIAS TERRA WERNER | Examinador Interno |
LEANDRO TORRES DE SOUZA | Examinador Externo |
PAULO CEZAR CAVATTE | Presidente |
TATIANA TAVARES CARRIJO | Examinador Externo |
VIVIANA BORGES CORTE | Examinador Interno |
Resumo: Nosso objetivo foi analisar as respostas morfológicas e o acúmulo de compostos de reservas
em frutos e sementes de populações de Myrsine coriacea provenientes de diferentes
altitudes, bem como avaliar o potencial de aclimatação fotossintética de mudas da espécie
submetidas a cenários climáticos contrastantes. O estudo foi conduzido em duas etapas. Na
primeira etapa (Capítulo 1), testou-se a hipótese de que frutos e sementes de M. coriacea
apresentam menor tamanho e aumento no acúmulo de reservas mais energéticas com o
aumento da altitude. Para tal, frutos foram coletados em matrizes de dez populações ao longo
de um gradiente de altitude de 1521 m (639 a 2160 m). Após a coleta, as características
morfológicas e bioquímicas das sementes e do pericarpo foram determinadas. Nosso
resultado demonstrou que o tamanho dos frutos (diâmetro e massa seca) diminuiu com o
aumento da altitude. Enquanto o pericarpo e a semente apresentaram maiores acúmulos de
fenóis solúveis totais com o aumento da altitude, corroborando com a hipótese de que frutos
e sementes de M. coriacea apresentam menor tamanho e aumento no acúmulo de reservas
mais energéticas com o aumento da altitude. Na segunda etapa (Capítulo 2), testou-se a
hipótese de que matrizes de M. coriacea localizadas em altitudes mais elevadas, em relação
às de menores altitudes, apresentam mudas com menor capacidade de aclimatação
fotossintética sob condições de maior temperatura e déficit de pressão de vapor (alta
demanda atmosférica). Para tal, foram produzidas mudas de sete populações de M. coriacea
localizadas ao longo de um gradiente de altitude de 1135 m (639 a 1774 m). Inicialmente,
mudas das sete populações foram cultivadas em vasos sob duas condições térmicas
contrastantes (AD - alta demanda atmosférica e BD - baixa demanda atmosférica),
estabelecidas em casas de vegetação (140 m de altitude). Após quatro meses de cultivo,
quatro indivíduos de cada população cultivados em AD foram transferidos para BD (ADBD)
e vice-versa (BDAD), estabelecendo quatro tratamentos térmicos (AD, BDAD, BD e
ADBD). As trocas gasosas e a fluorescência da clorofila a foram determinadas durante 24
h, com início às 04:00 h e medições sendo realizadas com intervalos de 3 h. Mudas de todas
as populações avaliadas apresentaram a mesma capacidade de aclimatação da maquinaria
fotossintética aos tratamentos térmicos. A população de maior altitude (MAC - 1774 m)
apresentou fotoinibição crônica (menor Fv/Fm,), menor capacidade fotossintética (A e Ag),maior proporção de dissipação energética na fotorrespiração em relação a fotossíntese bruta
(Rp/Ag) e maior pressão oxidativa nos cloroplastos (ETR/Ag), independentemente dos
tratamentos térmicos. Em BD, as mudas (BD e ADBD) apresentaram menor abertura
estomática (menor gs) e maior eficiência intrínseca no uso da água (A/gs), independentemente
da população. Os resultados evidenciam que populações de M. coriacea localizadas em
altitudes elevadas estão localmente adaptadas e, em condições climáticas impostas por um
cenário de aquecimento global, podem estar mais ameaçadas. Destacamos a necessidade de
adoção de estratégias de preservação e manejo sustentável de florestas tropicais devido à
maior sensibilidade ao aumento da temperatura em consequência das mudanças climáticas.
Palavras-chave: Compostos fenólicos • estresses • floresta tropical • fotorrespiração •
temperatura